Vasculhando o site oficial da edição brasileira de 'A Culpa é das Estrelas', vi que um leitor perguntou qual era o real significado do título da obra. A resposta foi enviada pelo próprio John Green, que dizia:
"Bem, na frase de Shakespeare, "estrelas" significam "destino". No texto original, o nobre romano Cássio diz a Bruto: 'A culpa, meu caro Bruto, não é de nossas estrelas / Mas de nós mesmos, que consentimos em ser inferiores.' Ou seja, não há nada de errado com o destino; o problema somos nós. Bem, isso é válido quando estamos falando de Bruto e de Cássio. Mas não quando estamos falando de outras pessoas. Muitas delas sofrem desnecessariamente, não porque fizeram algo de errado nem porque não más ou sei lá o quê, mas porque são azar. Na verdade, as estrelas têm muita culpa sim, e eu quis escrever um livro como vivemos num mundo que não é justo, e sobre ser eu não possível viver uma vida plena e significativa mesmo que não se chegue a vivê-la num grande palco, como Cássio e Bruto."
Mas a história central não é sobre estrelas. Pelo menos não literalmente.
"Em A Culpa é das Estrelas, Hazel é uma paciente terminal de 16 anos que tem câncer desde os 13. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante - o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos -, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas" {Skoob}
Fico desconcertada por falar a respeito desse livro genial por aqui, porque não sei se sou capaz de escrever uma resenha que possa descrever fielmente a preciosidade que essa história se tornou para mim. Dispenso resenhas convencionais. Esse não é um livro de resenhas convencionais - por mais que dizer isso seja por demasiado convencional.
Como é escrito em primeira pessoa do singular por Hazel Grace (ou, como ela prefere, 'só Hazel'), é impossível não sentir cada suspiro que ela dá e, para pessoas como eu, sentir até um incômodo no aparelho respiratório. Sem contar que o livro é de tirar o ar de qualquer ser. Divino! Assim como Hazel e Augustus, pude, através desse livro, pensar mais acerca da minha própria existência e finitude. Lembrei-me das aulas de Existencialismo e Fenomenologia vistas no Ensino Médio e tidas com mais profundidade na universidade.
Além da história, os detalhes físicos também fazem parte da maravilha que o 'A Culpa é das Estrelas' é. Gosto de azul, então a capa dessa edição da Intrínseca muito me agrada. As páginas são levemente amarelas, o que me causou um sorriso logo que comecei a ler. Gosto da fonte utilizada na capa, que parece giz escrito em quadro-negro (que, na capa, é de fato negro; na vida real esse quadros costumam ser verdes). Gosto também dos detalhes em preto e branco que há nas primeiras páginas.
Quem se interessar, o autor disponibilizou o primeiro capítulo no site oficial do livro. Basta clicar na nuvenzinha preta onde está escrito 'Leia o 1º capítulo', e se aventurar no comecinho dessa história. Quem gostar e quiser comprar, há no próprio site alguns links de onde estão sendo vendidas as edições impressa e online.
"Alguns infinitos são maiores que outros... Há dias, muitos deles, em que fico zangada com o temanho do meu conjunto ilimitado. Eu queria mais números do que provavelmente vou ter."
{A Culpa é das Estrelas, página 235}
Boa leitura para quem não leu e boa releitura para quem, como eu, gostou muito do livro e o lerá novamente.